História do Amor no Brasil

Genteee!
Um colaborador anônimo enviou nos um post  interessantíssimo!!
Apreciem.

"
Meninas & Não Meninas

Na cabeça, o que fica melhor, cabelos longos ou cabelos curtos?

Obviamente ideias longas são o que cai melhor na cabeça e afirmar isso está distante da originalidade. Acho que todos concordamos que ler um bom livro é um modo de estimular o crescimento da capacidade de julgamento e imaginação. Então, uma sugestão de leitura: "História do Amor no Brasil" de Mary Del Priore, historiadora, pesquisadora e professora universitária.

O tema do amor apesar da presença maciça na cultura ocidental parece ser inesgotável. Se pensarmos bem não há um filme em que, seja como motivo principal ou secundário, o amor não compareça. Igualmente nas telenovelas, no teatro, nas obras literárias. No mundo do marketing e propaganda, inúmeras campanhas exploram o tema do amor direta ou indiretamente. Nas conversas, também é assunto inescapável. A questão que nos interessa aqui é que o não amor aparece sozinho feito uma emoção individual, ele não só se relaciona com outras emoções como também revela-se através do comportamento das pessoas que por sua vez é diferente conforme a nação e época.

O livro de Mary Del Priori acompanha a trajetória do amor e a sua expressão no comportamento e cultura no Brasil desde o século XVI por uma variedade de assuntos como afeto, casamento, sexo, aparência e sedução, infidelidade, homossexualidade, revolução sexual e transformações na família entre outros. Por exemplo, afirmando que a mulher bonita despertava a desconfiança, resgata uma quadrinha sertaneja:

' Bezerro de vaca preta
onça-pintada não come
quem casa com mulher feia
não tem medo de outro home.'

Em outra passagem do livro sobre os pés e as mãos como objetos de desejo:

' Do corpo inteiramente coberto da mulher o que sobrava eram extremidades. Mãos e pés era o que mais atraíam os olhares e atenções masculinas. Grandes romances do século XIX, como A pata da gazela ou A mão e a luva, revelam em metáforas, o caráter erótico dessas partes do corpo.'

Como não sorrir de uma época em que 'O rapto era consentido pela moça sob promessa de casamento da parte do raptor. Muito comum era ambos fugirem à noite, a cavalo; ela montada na garupa de banda, ... Os pais não tinham alternativas. Faziam casamentos sem ser 'de gosto', no dia seguinte; sem festas, sem proclamas.'

O livro é permeado de citações, reproduções de texto e imagens que vão confirmando o raciocínio da autora, e se para alguns a história é uma massa de informações com pretensão de fatos, não é o que acontecerá nesta leitura de "História do Amor no Brasil" que combina análise e interpretação com a fonte histórica de modo tão sutil a ponto da leitura adquirir a fluência de uma narrativa literária, em resumo, uma delícia de leitura.
"